terça-feira, junho 08, 2010
Viagem
É o vento que me leva.
O vento lusitano.
É este sopro humano
Universal
Que enfuna a inquietação de Portugal.
É esta fúria de loucura mansa
Que tudo alcança
Sem alcançar.
Que vai de céu em céu,
De mar em mar,
Até nunca chegar.
E esta tentação de me encontrar
Mais rico de amargura
Nas pausas da ventura
De me procurar...
Miguel Torga, in 'Diário XII'
sábado, junho 05, 2010
Súplica
Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.
Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.
Miguel Torga
segunda-feira, maio 10, 2010
N e g r o .
Faz uma semana que Lisboa se vestiu de preto.
Faz uma semana que, quando trajamos, o respeito, o orgulho,vive em nós mais que nunca e que o elo de "irmandade" se torna mais forte.
Poder ter partilhado essa noite com todos vós, em especial com os padrinhos, será algo que nunca sairá da minha mente nem do meu coração.
domingo, abril 04, 2010
Por uma lágrima tua, que alegria me deixaria matar..
Uma grande versão, de um grande fado, da maior fadista portuguesa.
Para vocês: TUIST, Lágrima
terça-feira, março 09, 2010
Título Desconhecido
Estou prestes a desistir da minha vida amorosa.
Ao que parece não a sei viver.
Restam-me apenas encontros fugazes, quente e esporádicos. Com almas diferentes, experiências diferentes, constituições diferentes.
Eu já não acredito no amor, isto se ele existe no mundo. Acredito sim, que ninguém merece ninguém. Ou melhor, acredito que não somos 100% merecedores da pessoa "amada" e vice-versa. Não merecedores de nós próprios.
Quem me dera nunca ter conhecido o sexo.
SE EU MORRER DE MANHÃ
"Se eu morrer de manhã
abre a janela devagar
e olha com rigor o dia que não tenho.
Não me lamentes. Eu não me entristeço:
ter tido a morte é mais do que mereço
se nem conheço a noite de que venho.
Deixa entrar pela casa um pouco de ar
e um pedaço de céu
- o único que sei.
Talvez um pássaro me estenda a asa
que não saber voar
foi sempre a minha lei.
Não busques o meu hálito no espelho.
Não chames o meu nome que eu não venho
e do mistério nada te direi.
Diz que não estou se alguém bater à porta.
Deixa que eu faça o meu papel de morta
pois não estar é da morte quanto sei."
ROSA LOBATO DE FARIA
segunda-feira, março 08, 2010
T..E..
Deixei de ser um boneco.
Libertei-me das tuas mãos. As tuas mãos que eu tanto adoro que me toquem. E quando me tocam provocam inúmeras sensções boas, que não me reconheço.
Quando a tua boca me toca saio do meu corpo e entrego-me totalmente a ti.
No entanto, tu não percebes isso. Como um puppet master tentas movimentar-me a teu belo prazer. Como se eu existisse apenas para te satisfazer. É óbvio que isso não permito.
Quando eras outra pessoa, outro ser isso aconteceu. Aconteceu e eu sofri. Mas cresci, abri os olhos e eu aprendi. Por isso, tu já não tens autorização para tal acto.
Já não estou à tua disposição. Nem à disposição de qualquer outro tu.
Tu tens a sorte de eu olhar para ti, de eu falar contigo, de teu te beijar.
Sou alguém raro.
Alguém que não terás a sorte de voltar a ver-te como Homem.
sexta-feira, março 05, 2010
um pedaço de mim...
“Por momentos… apenas eu e tu em sintonia quando tudo pára e caímos no vazio reconfortante, que nos embala até ao amanhacer.
Naquele instante em que apenas se ouve o som da tua e da minha respiração, o som do
cigarro que queima e se vê o fumo que se perde no espaço.
Vejo os teus cabelos que mal se mexem com a brisa do vento e a tua silhueta marcada
pela luz da lua. Tu, bela, que quando sorris iluminas o salão.
Quando os nossos corpos se unem e parecem um só e tudo á nossa volta parece
desaparecer, quando dançamos uma dança só nossa, a partir de uma melodia única,
criada por nós e mais ninguém.
Aquele preciso instante em que eu e tu estamos em sintonia e somos um nós.”
terça-feira, fevereiro 23, 2010
Apenas palavras
Eu não pertenço aqui.
As coisas são-me familiares.
Eu não pertenço aqui.
Dou voltas e voltas e voltas á minha cabeça, tentando procurar saber se alguma vez pertenci.
Devo ter pertencido algum dia ou as coisas e as pessoas não me eram familiares.
Neste momento, eu não pertenço aqui.
Sei o nome das pessoas, sei onde estão as coisas e não sei como sei. Reconheço algumas delas como sendo minhas, outras não mas o certo é que convivem comigo como se o fizessem á uma vida.
Não sei como vim aqui parar. Mas sei que eu não pertenço aqui !
sábado, fevereiro 06, 2010
Um Adeus
Quero esquecer que algum dia te pertenci.
Quero tirar todos os vestígios de ti do meu organismo.
Quando falar contigo não quero sentir o teu toque. Relembrar os teus beijos, quando falo contigo.
Não quero desejar poder pertencer-te.
No que toca a ti quero que tudo me seja indiferente.
Quando falamos, quando penso nas coisas, quando sorris, quando me olhas.
Penso que o nosso fim está próximo. Não deve faltar muito.
Detesto as tuas desculpas esfarrapadas. Detesto as tuas mentiras. Detesto as minhas mentiras. Detesto-te a ti.
Quero que abandones a minha mente.
Quero liberto-me de ti.
sexta-feira, fevereiro 05, 2010
Olá!
Há muito que venho pensando em escrever/criar um blogue e finalmente o fiz.
Em parte deve-se a uma recente amizade que consegui travar com uma excelente pessoa. Gosto muito dela.
Também por que achei que estava na altura de começar a "escrever" para o mundo, em vez de ser só para mim.
Devo acrescentar que algum dos textos que publicarei da minha autoria têm alguns anos, outros serão recentes.
A ti, amiga nova, deixo aqui um dos mais recentes que ainda não tiveste a oportunidade de ver.
Já tinha saudades tuas :)
"Inútil!
É como me sinto.
Aliás, sinto-me como se fosse um objecto.
Um objecto que se vai buscar ao sotão quando faz falta. E que logo a seguir é atirado para o fundo do armário e esquecido.
Um saco de boxe.
Um saco de boxe no qual se pode bater sem que este responda. Pois é-lhe impossível.
Por outras, um canivete suiço. Estranha comparação mas é a verdade; a pessoa que consegue desempenhar diferentes funçõesdependendo do que o problema exige.
Um mero objecto que não se deita fora pois, é útil para desempenhar tarefas e levar pancada.
Basta ya!"
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